Os avanços dos tratamentos para o corona vírus

É tempo de otimismo?

A mídia atual tem notificado os avanços dos tratamentos para o coronavírus.  Mas, quais de fato, são as boas notícias e o que temos que observar agora?

Fizemos um compilado breve sobre os três possíveis tratamentos que estão sendo desenvolvidos para auxiliar na cura da Covid-19, sendo o antiviral Remdesivir da Gilead Sciences, um coquetel de anticorpos estudado pela Sorrento Therapeutics e a vacina que está sendo desenvolvida pela Farmacêutica Moderna.

  • Antiviral (farmacêutica Gilead)

A Gilead Sciences é uma farmacêutica norte-americana que nasceu em 1987, especializada em antivirais como os utilizados no combate ao HIV e Hepatite. A empresa, que também faz parte do S&P 500, teve suas ações atingindo 26% de valorização dada a esperança no desenvolvimento de tratamentos para combate ao coronavírus.

O foco é um medicamento antiviral chamado Remdesivir. A empresa realizou testes com 1.036 pacientes diagnosticados com Covid-19. Os testes incluíam ministrar o medicamento correto a uma parte dos pacientes e um placebo para a outra parte.

A função principal do composto consiste em realizar a síntese do material genético (RNA) do vírus presente nas células do infectado.

Foi atestado que aqueles que efetivamente fizeram uso de Remdesivir alcançaram recuperação 31% mais rápida que os outros testados.

Concluiu-se que a substância não é efetivamente a cura, porém é capaz de auxiliar no processo de melhora dos pacientes que contraíram o SARS-CoV-2. Este medicamento já está sendo utilizado nos EUA.

A Gilead possui a patente do medicamento, que foi testado inclusive para malária e influenza em 2015.

Já os testes para utilização contra a Covid-19 começaram em janeiro deste ano. Inúmeros foram os movimentos pedindo a liberação da patente para que outros laboratórios pudessem fabricar e disseminar os comprimidos para tratamento.

Como resultado, a empresa fez um anúncio no qual acordava com cinco outras companhias a fabricação do medicamento até que a OMS declare o fim da pandemia. A ideia é fornecer todo o conhecimento dos processos de tecnologia para as suas novas parceiras, a fim de distribuir o Remdesivir para 127 países, em sua maioria ainda na fase de desenvolvimento.

  • Anticorpo (Sorrento biotecnologia)

A Sorrento Therapeutics é uma empresa de biotecnologia que atua no desenvolvimento de soluções no estágio clínico. Seu foco principal está em descobrir e desenvolver terapias oncológicas e para o tratamento da dor crônica causada pelo câncer.

Suas ações tiveram valorização de 241,6% na Nasdaq após afirmação de que teriam encontrado a cura para 100% dos casos diagnosticados de Covid-19 em estudos pré-clínicos realizados in-vitro.

Essa afirmação fez com que a instituição atingisse o patamar de um bilhão de dólares no seu valor de mercado.

Batizado de COVI-SHIELD, a proposta é um composto de anticorpos totalmente humanos que reagem com a proteína SARS-CoV-2 Spike. O coquetel faz com que os anticorpos bloqueiem o organismo contra a entrada do vírus nas células humanas.

Os testes in-vitro com os bloqueadores também foram realizados com a intenção de inibir a infecção causada pelo coronavírus. Dentre os anticorpos testados, o STI-1499 conseguiu neutralizar completamente as chances de infecção. Pesquisas e análises bioquímicas e biofísicas apontaram o STI-1499 como anticorpo potencial para o tratamento da doença.

Quando falamos em capacidade produtiva, a Sorrento possui sua unidade de fabricação do coquetel em San Diego, e estima conseguir produzir até duzentas mil doses mensais, pretendendo fabricar até um milhão de doses que serão estocadas até que ocorra a aprovação do coquetel pela FDA (Food and Drug Administration dos Estados Unidos).

Esse é um ponto a ser destacado: ainda falta a aprovação do FDA para os anticorpos serem distribuídos no mercado. A farmacêutica procura por novos parceiros do mesmo segmento e por apoio político a fim de aumentar a fabricação do STI-1499 para milhões de doses.

Dr. Henry Ji, CEO da Sorrento, afirmou que o anticorpo STI-1499 mostra um potencial terapêutico excepcional e pode potencialmente salvar vidas após o recebimento das aprovações regulatórias necessárias.

  • Vacina (farmacêutica Moderna)

A Farmacêutica Moderna foi fundada em 2010 por professores de Harvard no estado de Massachusetts, que também abriga a Universidade.

Testes recentes da farmacêutica revelaram um desempenho positivo em relação ao combate do vírus. A empresa, que teve suas ações valorizadas em 25% após emitir relatório com as informações, citou que a vacina, apesar de ainda estar em período de testes, age na incapacitação do vírus, fazendo com que ele não consiga atacar as células.

A Farmacêutica já ministrou sua descoberta em cobaias humanas.

O estudo consistiu em mensurar a quantidade de anticorpos presentes nos voluntários. Foi constatado que 100% das pessoas testadas conseguiram desenvolver anticorpos que neutralizassem o vírus, similares aos pacientes que contraíram a doença.

Ainda se faz necessário outros testes para excluir quaisquer efeitos negativos que possam vir do composto. A Moderna estima que se tudo ocorrer bem, é possível ter a vacina em janeiro de 2021.

Um ponto a se destacar é que são necessários mais testes com mais cobaias para que o estudo, que é liderado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH), seja publicado em revista médica.

A FDA, que é responsável por regulamentar os medicamentos nos EUA, concedeu permissão para a farmacêutica avançar nos testes e conseguir realizar pesquisas em um número maior de cobaias humanas.

Para o Dr. Paul Offit, que pertence à NIH, a aceleração dos testes concedida pela FDA significa a quebra do protocolo tradicional. Em outra situação, seriam necessárias milhares de pessoas expostas à vacina na fase de testes para conseguir avançar para uma próxima etapa. O que para ele é improvável que a farmacêutica consiga até julho, mês no qual a Moderna relatou que já começaria uma nova fase.

O pessimismo de Paul se refere ao fato da farmacêutica ter, até agora, apenas algumas dezenas de participantes e não milhares como diz o protocolo. No entanto, o Dr. Offit destaca que é compreensível ter um avanço tão rápido na fase de testes, já que inúmeras pessoas continuam morrendo dia após dia.

 

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