BERLIM E BRUXELAS - O governo da Alemanha anunciou na sexta-feira um plano econômico para amortecer o impacto da pandemia do coronavírus , incluindo empréstimos "ilimitados" para as empresas afetadas, além de incentivos fiscais .
O ministro da Economia alemão, Peter Altmaier, descreveu o pacote como único na história do pós-guerra da Alemanha e disse que não há limite para o financiamento.
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Altmaier disse que o pacote disponibilizaria inicialmente cerca de € 500 bilhões (US$ 555 bilhões) em financiamento.
- O que lhe apresentamos hoje é a ajuda e garantia mais abrangente e eficaz que já existiu em uma crise - acrescentou Altmaier em entrevista coletiva realizada em Berlim.
Ele descreveu o plano como uma "bazuka" contra a crise.
- E se precisarmos de armas menores no futuro, elas estarão à disposição - acrescentou.
O ministro das Finanças e vice-chanceler, Olaf Scholz, também presente à entrevista, acrescentou:
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- Não há limites, esta é a mensagem mais importante - reforçou Scholz, ressaltando que o socorro é ainda maior do que o aplicado durante a crise financeira de 2008.
- Esse é o começo - acrescentou o ministro da Economia. - Não devemos falhar por falta de dinheiro ou de vontade política.
As propostas incluem permitir que as empresas adiem pagamentos de impostos. Scholz disse que "não é implausível" que a Alemanha tenha que assumir uma nova dívida para financiar o plano de resgate para a maior economia da Europa.
A Suíça, por sua vez, disponibilizará 10 bilhões de francos suíços (US$ 10,52 bilhões) em assistência imediata para mitigar o impacto econômico do coronavírus, informou o governo nesta sexta-feira, acrescentando que o número de casos confirmados da Covid-19 no país e em Liechtenstein ultrapassam a mil.
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Felixibilização de regras orçamentárias
Também nesta sexta-feira, a presidente da Comissão Europeia , Ursula von der Leyen, prometeu nesta sexta-feira, adotar " flexibilidade máxima " nas regras orçamentárias e nos auxílios estatais para ajudar os países da União Europeia (UE) a enfrentar os efeitos da pandemia do coronavírus . O governo alemão , por sua vez, anunciou empréstimos "ilimitados " às empresas.
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- Faremos todo o necessário para apoiar os europeus e a economia europeia - enfatizou Ursula em entrevista coletiva, quando apresentou as novas medidas de apoio ao Covid-19, que está afetando setores importantes do bloco, como turismo e transportes.
Na quinta-feira, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, alertou que a pandemia causará um "grande impacto" e criticou a "lentidão e complacência" dos países da zona do euro para "aceitar o desafio da saúde" e " limitar o impacto ".
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Especialistas da instituição monetária prevêem um crescimento na área do euro de 0,8% do PIB em 2020, uma queda em relação aos 1,1% projetados em dezembro, embora essas previsões não sejam atualizadas e tenham sido interrompidas em 24 de fevereiro.
- O impacto é temporário, mas temos que trabalhar juntos para garantir que seja o mais curto e limitado possível- disse a presidente do executivo da comunidade, para quem os países "devem se sentir à vontade para tomar todas as medidas necessárias".
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A Comissão Europeia, que deve apresentar suas medidas aos ministros das Finanças do euro na segunda-feira, propõe a "máxima flexibilidade" prevista no Pacto de Estabilidade e Crescimento (PSC), ao analisar os orçamentos dos países europeus.
O PSC estabelece os limites máximos de déficit ou dívida pública que os países podem contratar em seus orçamentos nacionais, embora, em circunstâncias excepcionais (como crises de migrantes ou terremotos), forneça exceções.
Ajuda à Itália
A Itália, a terceira economia europeia e o país do continente mais afetado pelo coronavírus, poderia se beneficiar dessa flexibilidade. Apesar de ter um déficit maior do que o acordado com Bruxelas, Roma anunciou 25 biilhões de euros para limitar o impacto econômico.
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- Estamos absolutamente prontos para ajudar a Itália com o que for necessário. É de extrema importância. Este país é seriamente afetado pelo coronavírus - destacou Ursula.
Os auxílios estatais, por sua vez, são em princípio proibidos no bloco se conferir vantagens indevidas a uma empresa em detrimento de seus rivais, embora Bruxelas esteja aberta a realizar revoagções parciais em casos excepcionais, como a atual crise.