Pesquisadora transforma casca de arroz em painel para móveis
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Uma pesquisadora gaúcha desenvolveu um material a partir da casca de arroz que pode ser utilizado na produção de móveis. Chamado tecnicamente de compósito polimérico, o objeto funciona como uma solução de reaproveitamento para o resíduo gerado pela indústria.
A doutora Eliana Paula Calegari, de 34 anos, criou o material durante os últimos quatro anos, no Programa de Pós-Graduação em Design da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A pesquisadora explica que a casca de arroz representa aproximadamente 20% do grão e acaba sendo descartada pela indústria durante o processo de beneficiamento. O subproduto gerado nem sempre tem uma destinação adequada, o que pode representar um risco para o meio ambiente. De acordo Eliana, a casca demora cinco anos para se decompor.
"Essa casca é usada para farelo para animais, mais utilizada na agricultura mesmo, na agropecuária. Também é usada para gerar energia a partir da queima. Mas é tanta casca de arroz, que muitas são queimadas a céu aberto ou acabam sendo depositadas em rios", detalha a doutora.
Pensando em como o design poderia contribuir para a sustentabilidade, Eliana uniu 80% de casca a 20% de resina poliéster e formou um material cujas propriedades se assemelham às da madeira e do MDF.
"É próxima, mas não é madeira. Foram feitos testes. Deixei material exposto por seis meses sob chuva e sol. Depois de seis meses, a mudança foi muito pouca, quase não mudaram as propriedades. Ele é forte candidato para móveis de jardinagem", indica.
A ideia inicial era criar um compósito biodegradável, o que não foi possível devido ao uso de 20% de material derivado do petróleo e não renovável. Ainda assim, a pesquisadora defende que o uso da casca de arroz como matéria-prima em 80% do produto já é um avanço.
Sem deixar de lado a parte estética, ela elaborou três tipos de compósitos. No primeiro, usou a casca inteira. No segundo, a casca moída. No terceiro, fez uma mistura dos dois. As experiências resultaram em materiais com texturas e resistências diferentes.
"O compósito com casca moída foi o que teve melhor resultado de tração e impacto", conta Eliana.
Para ser comercializado, o material ainda precisaria passar por mais testes, que não puderam ser realizados durante o doutorado. O trabalho, no entanto, pode ser continuado por ela ou por outro pesquisador. Também pode servir de inspiração para a criação de outros produtos que visem à proteção do meio ambiente.
(Com informações do G1 RS)
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