Qual setor mais afetado?
O Índice Bovespa, também conhecido como Ibovespa, é considerado um dos indicadores mais relevantes e procurados. Isso porque, ele verificar o desempenho do mercado financeiro brasileiro.
É composto atualmente por 75 ativos de 72 empresas. Essas ações que compõem o índice costumam ter um volume alto de negociações no dia a dia. Portanto, possuem bastante liquidez.
Finalizando o mês de junho, o Ibovespa registrou seu terceiro mês de alta consecutiva no ano de 2020. Mesmo com essas altas, ainda não nos esquecemos das fortes quedas e ondas de Circuit Breakers nos meses anteriores.
No Artigo de hoje, comentaremos sobre 4 ações, cada uma de um setor, que despencaram esse ano. Será que essas quedas foram causadas somente pela pandemia? Oportunidade ou Furada?
A maior queda do ano
Começamos com nada mais, nada menos que a famosa IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), que é conhecida e representada no mercado acionário pelo código IRBR3.
A IRB está como a maior queda desse ano, somando mais de 71% de desvalorização. A ação que estava sendo cotada na casa dos R$40,00, no mês de fevereiro, foi cotada por menos de R$7,00 no mês seguinte.
Mas, a principal causadora dessa turbulência toda, não foi a pandemia. E sim, as polêmicas envolvendo a companhia, com possíveis fraudes no balanço.
Além disso, as polêmicas não pararam por aqui, logo após essa notícia, os papéis da IRB despencaram. E uma outra notícia foi divulgada pela própria gestão na época, dizendo que a Berkshire Hathaway de Warren Buffet tinha aumentado a posição nos ativos. Infelizmente, era mais uma informação falsa da companhia, e contribuiu ainda mais na queda dos preços.
Em segundo lugar, a pandemia apenas acelerou essa força vendedora no ativo. Aumentando ainda mais as incertezas na companhia.
Logo após os escândalos, a própria gestão da IRB foi totalmente alterada. Como resultado, os investidores ensaiaram um leve otimismo, com a possibilidade de novos rumos na governança da empresa.
Setor Aéreo
Na sequência, não podemos deixar de destacar as empresas do setor aéreo, que junto com o setor de turismo, foram as que mais sofreram com a pandemia do Coronavírus. Como por exemplo, a AZUL, onde suas ações caíram mais de 65%.
A Azul Linhas Aéreas Brasileiras, tendo seu código no mercado acionário como AZUL4, viu suas ações sendo cotadas na casa dos R$60,00 em fevereiro. Despencaram para a casa dos R$9,00 em março, logo no início da pandemia.
Em segundo lugar, o maior causador dessa queda, foi o COVID-19, provocando uma brusca diminuição da demanda por voos e também das restrições de viagens.
Caso não saiba, o prejuízo é gigantesco se o avião ficar no chão. E apesar das fortes altas nas companhias aéreas em geral, os preços continuam extremamente descontados, e as incertezas e riscos continuam em ascensão.
Setor de Turismo
A tempestade chegou bem forte nas empresas de turismo, e claro a CVC Viagens não ficaria de fora!
A CVC, conhecida no mercado acionário pelo código CVCB3 teve mais de 55% de queda acumulada no ano. Em um cenário de extrema incerteza, sobre a recuperação do turismo em todo o mundo.
Assim, as ações no começo do ano de 2020 eram negociadas na faixa dos R$40,00 e logo após a chegada do vírus, foram negociadas na faixa dos R$5,00. Isso mesmo, apenas 5 reais. Muitos falavam das possibilidades de falência da empresa, por conta do número massivo de cancelamentos de pacotes de viagens e orientações de isolamento social, prejudicando não só a CVC, mas todo setor de turismo no Brasil e no mundo.
Na mesma linha, a companhia anunciou que planeja retomar 100% das atividades agora no mês de julho. E, com essa expectativa positiva, ajudou a impulsionar a alta dos ativos. Mas, assim como mencionado no setor aéreo, as incertezas continuam a todo vapor no setor.
Portanto, ainda não sabemos como será o “novo normal” do setor, e o sinal de alerta deve ficar ligado, tanto na exposição ao risco e nas oportunidades.
Petróleo
O setor petrolífero também foi completamente afetado no primeiro semestre do ano, e o agravamento do Vírus tem ocasionado uma queda brusca na demanda mundial por combustível, consequentemente, empurrando pra baixo o preço da commodity.
A gigantesca e uma das ações com maior peso no Índice Bovespa, a Petrobras, conhecida pelo código PETR4 (ações preferenciais) ou PETR3 (ações ordinárias) empresa que registrou o maior lucro da bolsa de 2019, atingindo o valor de R$40,9 bilhões viu suas ações sendo negociadas próximas de R$10,00 em março, ante na casa dos R$30,00 no começo do ano.
Além da queda da demanda pelo petróleo, a guerra de preços entre Rússia e Arábia Saudita intensificaram a volatilidade das ações de empresas petrolíferas. Com a primeira reunião da OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) no começo de março, a Rússia acabou não aceitando a oferta do corte de produção proposto pelo cartel. Como é de se imaginar a guerra de preços contribuiu para queda profunda do preço da commodity nunca visto na história.
Atualmente, o preço do petróleo se recupera aos poucos, assim como as ações da petrolífera, muito por conta da retomada dos países, com expectativa de um aumento na demanda novamente.
Desta forma, apareceram diversas oportunidades no mercado acionário, e quem teve calma, paciência e a reserva de oportunidade consolidada, conseguiu adquirir boas empresas nos momentos de pânico, principalmente na onda de Circuit Breaker em março.
Observação: Esse artigo não é uma recomendação de compra ou venda desses ativos.
Rafael Martins, Economista do App Renda Fixa