Real digital: o que esperar da moeda digital emitida pelo Bacen?

O Brasil passa por uma reinvenção do real, que deixa de ser limitado às cédulas tradicionais. A inovação, chamada de real digital, começou a ser desenvolvida pelo Banco Central (Bacen) em 2020 — e embora o planejamento seja antigo, grandes progressos foram alcançados em 2022 e 2023.

A versão eletrônica da moeda brasileira tem potencial para transformar a economia nacional. Para o Bacen, essa moeda eletrônica pode ser responsável por digitalizar e tokenizar a economia, integrada a iniciativas como Pix e open finance.

Quer conhecer mais sobre essa moeda digital que será emitida pelo Bacen? Continue a leitura e descubra o que é o real digital, as informações sobre seu lançamento, suas vantagens e outros detalhes!

O que é real digital?

O real digital, chamado de drex, surge como a representação eletrônica da moeda brasileira, o real. Ele não é uma alternativa digital de dinheiro, mas uma extensão do real convencional.

Dessa forma, a versão eletrônica pode ser usada em diversas modalidades de pagamento, como transações bancárias tradicionais e negociações financeiras cotidianas. A finalidade é permitir que as pessoas utilizem esse novo formato efetuando aquisições em estabelecimentos — inclusive, via Pix.

Então os usuários têm a liberdade de enviar essa moeda eletrônica a terceiros e converter suas reservas digitais em depósitos tradicionais, além de liquidar contas, boletos e tributos.

Como essa moeda virtual funciona?

O Bacen é o responsável por criar, regulamentar e distribuir a moeda digital, similarmente ao que ocorre com o papel-moeda. Desse modo, bancos e entidades financeiras se tornam os distribuidores dessa modalidade de dinheiro.

Assim como com as cédulas físicas, a estratégia monetária dá suporte ao valor do real digital. Portanto, ao ajustar a liquidez do mercado visando manter o poder de compra estável, o volume de reais digitais em circulação é considerado.

Ainda, o drex tem o mesmo valor do real convencional — sendo lastreado no papel moeda, R$ 1 corresponde a R$ 1 digital. Essa é, inclusive, a principal diferença entre ele e as criptomoedas conhecidas no mercado, que são mineradas, independentes e não reguladas.

Apesar dessa distinção, o real digital é gerado em uma rede blockchain, como as criptos, e chega aos usuários por meio de códigos fornecidos pelo Banco Central. Elas podem ser guardadas em carteiras eletrônicas, disponibilizadas por bancos e entidades aprovadas pelo órgão regulador.

Qual é a diferença do real digital para o Pix?

O real digital não é uma criptomoeda, mas uma Central Bank Digital Currency (CBDC), ou seja, a moeda digital do Bacen. Logo, ele também se diferencia do Pix, que opera como sistema de pagamentos no Brasil. Ambos devem coexistir sem suprimir um ao outro.

Porém, diferentemente do Pix, que exige mediação bancária, o real digital não necessariamente precisará passar por esse tipo de autenticação. Afinal, ele poderá ser movimentado por meio de uma carteira digital, como acontece com as criptomoedas.

Quem tem acesso ao real digital?

Em agosto de 2023, a moeda digital brasileira ainda estava em testes pelo Bacen. A partir de seu lançamento, no entanto, o objetivo era apresentar duas versões: uma de atacado e a de varejo. A versão atacado é designada para transações de valores elevados, que costumam ocorrer entre entidades financeiras e grandes corporações.

Já a variação de varejo visa atender a transações cotidianas, de indivíduos ou empresas, independentemente do valor. Nessa modalidade, qualquer pessoa ou negócio no Brasil, com acesso à internet, pode utilizar o real digital a partir do seu lançamento oficial.

Quais são os objetivos do Bacen com essa moeda?

Você já entendeu que a implementação do real digital permite a movimentação de dinheiro sem exigir a moeda física. Um dos benefícios agregados a essa característica é a redução de gastos com a produção de cédulas, abrindo caminho para avanços tecnológicos.

A expectativa é de que essa moeda se integre a todos os meios de pagamento e estabeleça conexões com bancos centrais globais. No horizonte de curto a médio prazo, o Banco Central não prevê que o real digital substitua o dinheiro físico, mas que coexista com ele.

Entre os seus principais objetivos, é possível destacar os seguintes:

  • otimizar transações;
  • diminuir despesas, incluindo a emissão de cédulas;
  • melhorar o rastreamento de valores;
  • estimular competitividade bancária por meio de taxas mais atrativas;
  • ampliar a inclusão financeira;
  • impulsionar inovações, gerando novas aplicações para a moeda digital;
  • agilizar operações, garantindo aprovações rápidas, como no Pix;
  • aumentar a segurança com recursos avançados, como a blockchain — considerada um dos meios mais seguros para realizar transações pela internet;
  • reforçar a privacidade, minimizando riscos e fraudes.

Com relação ao que esperar do real digital, é possível que, no futuro, não seja obrigatório ter uma conta bancária para a sua utilização. Além disso, estuda-se a possibilidade de que bancos transformem depósitos em tokens, ampliando serviços na plataforma do real digital.

Quais são as vantagens que o real digital proporciona?

Um dos principais benefícios da criação do real digital está ligado à diminuição da circulação de cédulas físicas, proporcionando economia na impressão de papel moeda. Ele também deve ser aceito globalmente, evitando conversões cambiais e reduzindo o custo de operações internacionais.

Da mesma maneira que o Pix, a operação com a moeda digital tende a permitir transações online e, eventualmente, offline. Outra vantagem significativa é a possibilidade de reforçar o combate à lavagem de dinheiro, devido ao rastreamento de operações.

Ademais, remessas internacionais de baixo valor devem ocorrer de maneira mais rápida e econômica. O real digital ainda pode viabilizar contratos inteligentes, facilitando pagamentos automáticos, como em pedágios.

Por fim, a moeda viabiliza soluções financeiras adaptadas a baixo custo, atendendo a demandas específicas. Ela tornará possível a criação de serviços financeiros baseados em finanças descentralizadas (DeFi) — inclusive, empréstimos entre pessoas com aplicação de taxas de juros.

Quando o real digital começa a entrar em circulação?

Os testes iniciados com o real digital em 2023 previam apenas a participação de instituições financeiras autorizadas, sem circulação ou transações entre os cidadãos. Nesse período, a previsão de introdução da moeda no mercado era até o fim de 2024.

Após essa data, o drex estaria habilitado para o aceite em depósitos tokenizados, transformando ativos físicos em digitais. Para o teste inicial, foram considerados os seguintes ativos:

  • reservas bancárias, contas de liquidação e fundos do Tesouro Nacional;
  • depósitos bancários correntes e contas de instituições de pagamento;
  • títulos públicos do Governo Federal.

Depois de conhecer o real digital, você deve ter notado que essa é uma promissora inovação do Bacen. A moeda eletrônica promete revolucionar transações, integrando-se às plataformas digitais e solidificando o Brasil no cenário de economias digitalizadas.

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